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A contratação de Ricardo Sá Pinto para a função de director desportivo do Sporting, além de ser um erro de casting, demonstrou a displicência dos dirigentes leoninos.
José Eduardo Bettencourt não teve em consideração a delicada situação em que se encontrava o seu clube e agravou-a ao resolver contratar uma pessoa com um perfil demasiado emotivo, em vez de alguém capaz de dirigir o futebol de forma mais racional.
Na altura da contratação de Sá Pinto, pareceu-me que o seu nome era demasiado consensual e que não foi calculado o risco de o colocar como director de uma estrutura algo periclitante.
Como é que Sá Pinto poderia exercer uma autoridade reconhecida pelos jogadores do Sporting, quando ele próprio enquanto jogador agrediu o seleccionador nacional (Artur Jorge) e envolveu-se em cenas de pancadaria com outros elementos da equipa técnica (Rui Águas)? Como é que alguém que é caracterizado pelo seu temperamento intempestivo poderia ter êxito na tarefa de negociar a resolução de conflitos e gerir relações interpessoais no seio de um grupo fragilizado?
Concordo que o Sá Pinto seja um simbolo do clube, lugar que conquistou pela forma como se entregava nos jogos e pelo seu temperamento e carisma. Ao mesmo tempo, consta que fez um mestrado em marketing e desporto, uma licenciatura em comunicação empresarial e um curso de direcção desportiva.
Contudo, a noticia que relata o confronto físico entre Sá Pinto e Liedson, após o último jogo do Sporting, demonstra que os conhecimentos e as técnicas que aprendeu na sala de aula não mudaram o seu temperamento e comprova a tese de que nunca esteve apto para desempenhar funções como director desportivo de um clube profissional.
O Sporting precisava de um relojoeiro competente para acertar um relógio muito frágil, alguém que conhecesse bem o seu mecanismo de funcionamento e que fosse hábil no uso minucioso das pinças. No entanto, contratou alguém que o tentou arranjar com o vigor do martelo. O resultado foi o estrago que se adivinhava.
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